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Redescobrindo o convencional na indústria 4.0

As soluções mais criativas são aquelas que sempre utilizam novas ideias como um meio para se chegar a determinadas melhorias e seus objetivos

Por: Pietro Perrone      Exclusiva 07/07/2025

A criatividade é a melhor ferramenta operacional a ser utilizada em uma indústria inteligente de quarta geração.

Todo e qualquer processo convencional, seja ele operacional, de controle ou até mesmo burocrático, pode ser redescoberto e/ou melhorado, principalmente quando questionamos os propósitos reais dos recursos técnicos e/ou financeiros a serem aplicados.

As soluções mais criativas são aquelas que sempre utilizam novas ideias como um meio para se chegar a determinadas melhorias e seus objetivos.

As mais diversas metodologias podem ser utilizadas para se chegar a essas soluções criativas, mesmo com enormes diferenciais operacionais, tornando sua cadeia produtiva mais inteligente, mais simples e com maior previsibilidade dos resultados.

Não saberia, aqui, dizer o percentual de quanto nós, humanos, utilizamos da nossa criatividade; porém, tenho certeza de que aí existe um enorme potencial de melhorias e inovação, que, além de facilitar nosso trabalho, pode ajudar a atingir bons níveis de excelência operacional.

A criatividade, ao meu ver, privilegia aquelas pessoas e aqueles profissionais cujas características se enquadram em “curiosos e persistentes”, sempre exercitando novas ideias e metodologias. Eles conseguem, com eficiência, se desligar do mundo por alguns instantes, deixando de lado as correrias do cotidiano e focando em qual seria o meio ideal para chegar ao fim desejado.

Um simples posicionamento de uma peça em uma linha de montagem automatizada pode alterar drasticamente o resultado operacional de uma cadeia produtiva, fazendo com que passos sejam eliminados e sofisticados dispositivos e acessórios de montagem se tornem desnecessários.

Muitos anos atrás, existia nas empresas um departamento, normalmente ligado à Engenharia Industrial, chamado de “Tempos, Métodos e Processos”. Esse departamento era composto por profissionais de engenharia que, além de possuir ótimo nível de criatividade e bom senso, disponibilizavam também uma grande capacidade analítica e operacional nos mais variados processos industriais.


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Como se tratava de um trabalho invisível aos olhos dos administradores burocráticos, em toda oportunidade ou necessidade de redução de custos, esses profissionais eram os primeiros a serem lembrados, até que um dia, finalmente, sumiram do mapa.

Esses profissionais exercitavam sua criatividade diariamente e, portanto, traziam ideias e soluções incríveis de melhoria nos vários processos operacionais.

Com a exclusão dessa categoria, suas funções passaram a ser acumuladas por outros colaboradores, que não encontram tempo nem oportunidades de exercitar sua criatividade, muito menos de fazer análises detalhadas e comparativas com os processos existentes.

A pior consequência dessa exclusão vem do fato de que uma indústria inteligente de quarta geração necessita, e muito, desse planejamento minucioso de Tempos e Métodos, pois toda a disponibilidade das técnicas digitais hoje existentes não teria nenhuma valia sem a respectiva automação. Automação essa que custa caro. Portanto, uma simples alteração na movimentação ou posicionamento de uma peça na esteira da linha de montagem pode gerar uma variação considerável nos investimentos — não somente naquela operação pontual, mas também em toda a cadeia produtiva.

O que vemos hoje são empresas fabricando o mesmo produto, com o mesmo processo operacional, por décadas, e, logicamente, ainda praticando a tal da redução de custos em áreas primordiais que, normalmente, deveriam ser preservadas.

Quando estamos desenvolvendo um projeto, temos a tendência de utilizar metodologias já existentes e conhecidas, por vários motivos: menor trabalho a se fazer, maior segurança na obtenção do resultado e possibilidade de redução das margens de erro — sem deixar de mencionar que copiar é muito mais fácil.

Quando copiamos, deixamos de exercer e praticar nossa criatividade, pensando em novas alternativas e diferentes possibilidades de se chegar ao mesmo resultado, utilizando caminhos mais curtos e menos íngremes.

A indústria inteligente carrega consigo o mote de gerar necessidade de altos investimentos a curto prazo, em função da automatização necessária para seu funcionamento — principalmente quando a análise de viabilidade é feita, erroneamente, contra valores de mão de obra disponível no mercado.

A melhor solução geralmente é a mais simples!

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Pietro Perrone

Pietro Perrone

Mais de 45 anos de comprovada experiência em indústrias multinacionais, ocupando posições de Presidente, Vice-Presidente, Diretor Industrial, Gerente de Manufatura, Engenheiro de Manufatura, Gerente de Engenharia de Manufatura, Gerente de Produção.