A transformação digital começa pelas pessoas. A frase, repetida com frequência durante o SKA Connect 2025, não é apenas um lema institucional da empresa — é um direcionamento estratégico. Para a SKA, colocar pessoas antes de processos e tecnologias é uma decisão que molda tanto o desenvolvimento de soluções quanto a forma como essas soluções são aplicadas no chão de fábrica.
“Nosso propósito é conectar pessoas, processos e tecnologias. E essa ordem não é aleatória: a transformação digital começa pelas pessoas”, destacou Luiz Gonçalves, HEAD, Business Consulting Services & Technical Sales da SKA, que conduziu o evento.
Segundo Gonçalves, a motivação inicial do evento era justamente criar um espaço onde processos e experiências pudessem ser debatidos de forma aberta — algo que, segundo ele, tem dado certo desde então. “São 10 anos em que eu participo do evento e, de alguma forma, ajudo a construir essas histórias com os nossos clientes — os clientes da SKA. O mais interessante é ver esses clientes vindo aqui contar seus próprios cases, inspirando outras indústrias. Esse sempre foi o grande objetivo do SKA Connect: compartilhar conhecimento que vem da prática”.
O próprio crescimento da empresa reflete esse compromisso. Segundo o fundador e CEO Siegfried Koelln, a trajetória do SKA Connect acompanha a evolução da indústria brasileira e da própria empresa: “Isso tudo é uma jornada, uma construção. Nesses 10 anos, muita coisa mudou. A SKA dobrou de tamanho mais de uma vez. A tecnologia não substituiu pessoas. Ela criou oportunidades. Nosso papel é ajudar a indústria a competir — no Brasil e no mundo”.
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Confira a entrevista exclusiva com Koelln, Gonçalvez e o palestrante Arthur Igreja:
Para onde vamos?
A celebração dos 10 anos do SKA Connect não serviu apenas para relembrar conquistas. Durante a abertura, Gonçalves propôs uma mudança de perspectiva: em vez de olhar apenas para o que foi feito, pensar no que ainda está por vir. Para isso, recuperou cases marcantes apresentados em edições anteriores — como os da Volkswagen, Marcopolo e Polux — que ilustram como a indústria brasileira avançou em conectividade, automação e integração de dados em tempo real.
Foi a partir dessa retrospectiva que lançou a pergunta central do evento: “Onde queremos estar daqui a cinco ou dez anos?”
Com essa provocação, Gonçalves reposicionou o foco do SKA Connect, apontando três eixos estratégicos que devem guiar o futuro da manufatura: inteligência artificial, business intelligence e nuvem. Se antes o desafio era conectar máquinas e digitalizar processos, agora a meta é transformar dados em decisões e pessoas em protagonistas da inovação industrial.
“Quando a gente fala de BI, por exemplo, estamos falando de transformar dados em decisões, em ações concretas. A indústria está cheia de dados — sensores, máquinas, sistemas —, mas precisa transformá-los em inteligência de negócio”, disse ele ao Grupo CIMM. “A inteligência artificial vem justamente para complementar isso. Ela permite antecipar problemas, otimizar recursos, prever padrões. E a nuvem é a base de sustentação para que tudo isso aconteça de forma integrada, escalável e segura. Então, quando a gente olha para esses três elementos juntos — BI, IA e nuvem —, estamos falando do alicerce da manufatura digital de fato. É isso que a gente quer mostrar no SKA Connect: não é mais sobre o futuro, é sobre o agora”.
Casos de Sucesso
A programação foi estruturada em dois painéis temáticos e uma palestra de encerramento. No primeiro painel, conduzido por Renan Rocha, Consultor de Negócios da SKA, o foco foi em Design e Inovação. Participaram como convidados o Gestor de Engenharia da Marelli, Maicon Zanardi, e o CEO do Grupo J2M, Daniel Martins, que discutiram como acelerar a engenharia de produtos com automação e manufatura aditiva.
O segundo painel, voltado à otimização e performance no chão de fábrica, foi mediado por Samuel Robaski, Gerente Comercial da SKA, e contou com a participação de Giovan Pederssetti, Coordenador Industrial da Fremax; Rodrigo Umbelino, Gestor de Produção da Fremax; e Heitor Pensky, Coordenador de Melhoria Contínua da Schulz. A palestra de encerramento ficou por conta de Arthur Igreja, que falou sobre os impactos da inteligência artificial e da automação na nova dinâmica industrial.

Confiabilidade de dados e eficiência produtiva na Fremax
Na Fremax, a busca por maior confiabilidade nos dados foi o ponto de partida. Segundo o coordenador industrial Giovan Pederssetti, os registros eram feitos de forma manual, e o desafio era automatizar essas informações com maior compatibilidade entre sistemas. Segundo ele, a adoção do MES da SKA permitiu conectar as máquinas em tempo real e obter relatórios diários. “Também tivemos integrações com o SAP, como ordens de produção, dados de roteiro e disponibilidade”, destacou.
O gestor de produção da empresa, Rodrigo Umbelino, contou que o trabalho inicial foi focado na capacitação dos operadores e na sensibilização da equipe quanto aos ganhos possíveis. "[...] E os ganhos que obtivemos, como foi comentado, de longe o setup”, disse. “Nós reduzimos 5 minutos de setup com o monitoramento da ferramenta MES, e também com a confiabilidade dos dados impostos, porque o MES entrega os dados de uma maneira muito mais eficaz”, afirmou ao Grupo CIMM.
Agilidade e padronização na engenharia da Marelli
Na Marelli, o aumento na demanda por produtos especiais exigiu agilidade no processo de engenharia. O gestor de engenharia da empresa, Maicon Zanardi, explicou que a Marelli procurou a SKA em busca de ferramentas que ajudassem a acelerar os processos de engenharia, como o cadastro de produtos e a geração de informações técnicas. A empresa passou a utilizar o integrador — desenvolvido conforme suas necessidades — e o DriveWorks, que conectado com o SOLIDWORKS e atingiu uma redução de tempo de 87%.
“A implementação foi rápida. Os principais resultados: a gente conseguiu reduzir o tempo de cadastro de produto, em torno de 25% de redução no tempo de cadastro, além de conseguir uma eficiência fabril — então uma informação muito mais robusta e rápida”, contou.
Conectividade e engajamento
Além da Fremax e da Marelli, outras empresas compartilharam como diferentes tecnologias da SKA têm contribuído para enfrentar desafios reais da produção.
A partir da digitalização do chão de fábrica na FertiSystem, a marca do Grupo J2M conseguiu identificar gargalos e otimizar seus processos, reduzindo em 40% o tempo ocioso. Com a operação mais enxuta e eficiente, surgiu a oportunidade de investir em uma nova frente de atuação: a Solve, especializada em impressão 3D industrial. A nova empresa passou a produzir componentes em compósitos e metais com equipamentos da Markforged, além de moldes de baixa tiragem e peças finais em resina utilizando tecnologia da Formlabs, ampliando a capacidade do grupo de atender demandas com maior agilidade e personalização.
Na Schulz, a implementação do sistema MES resultou em maior disponibilidade de máquinas e engajamento das equipes, eliminando o apontamento manual e fortalecendo a cultura de melhoria contínua.
Durante o painel, Samuel Robaski, gerente comercial da SKA, destacou que “o MES é o elo entre a tecnologia e a excelência operacional”, e que a solução da SKA “oferece o presente e o futuro da manufatura”, ao enfatizar a importância de construir esses avanços por meio de elos e conexões.
Um futuro cada vez mais próximo
A pergunta lançada por Luiz Gonçalves no início do SKA Connect 2025 — “Onde queremos estar daqui a cinco ou dez anos?” — encontrou eco na palestra de encerramento de Arthur Igreja. Segundo o especialista em inovação, a inteligência artificial já começa a mudar o cenário das empresas brasileiras, mas a próxima grande virada será no chão de fábrica, com ganhos expressivos de produtividade e acesso a decisões mais rápidas e qualificadas.
Para isso, no entanto, ele defende que a inovação não pode estar restrita a um único departamento. Quando isso acontece, disse, o restante da empresa entende que inovar “não é com eles”. Na visão de Igreja, todos precisam ser agentes de mudança, e isso só acontece com uma cultura organizacional que incentive o questionamento e o redesenho contínuo de processos.
A análise reforça o que foi evidenciado ao longo do evento: o uso do MES e de outras soluções digitais como ponte entre dados, pessoas e processos destaca não apenas os avanços já conquistados, mas a urgência da digitalização industrial como base para a inovação contínua da indústria brasileira. A conectividade do chão de fábrica, mostrada nos diversos cases dos parceiros da SKA, já não serve apenas para visualizar — mas para agir com mais precisão, aprender com mais rapidez e decidir com mais inteligência.
“Quem não estiver se movimentando nessa direção, vai fazer tudo de forma mais lenta e menos eficiente”, finalizou Igreja em entrevista ao Grupo CIMM.
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