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China acelera plano para gerir tráfego de 100 mil satélites e evitar colapso orbital

Aliança de Inovação Espacial vai transferir tecnologias estatais e acelerar testes para empresas privadas

Por: Redação CIMM      07/05/2025 

A China está se preparando para enfrentar um dos maiores desafios da nova corrida espacial: a superlotação da órbita baixa da Terra. Com a previsão de que cerca de 100 mil satélites possam ocupar esse espaço nas próximas décadas, autoridades da Administração Espacial Nacional da China (CNSA) anunciaram planos ambiciosos para desenvolver um sistema de gerenciamento de tráfego espacial, voltado à organização e operação sustentável desses equipamentos. O alerta foi reforçado após dados divulgados pelo South China Morning Post, que apontam riscos crescentes de colisões e interferências, caso medidas concretas não sejam adotadas.

O projeto visa estabelecer um sistema robusto de controle, capaz de mapear, coordenar e gerenciar o posicionamento de milhares de satélites de forma simultânea. A proposta é evitar projetos sobrepostos e a competição repetitiva que podem comprometer o crescimento da indústria. A urgência é justificada: a China possui hoje 58 fábricas de satélites em funcionamento, em construção ou em fase de planejamento. Estimativas apontam que a capacidade de produção do país deve ultrapassar 5 mil satélites por ano até o fim de 2025 — um volume que exigirá soluções tecnológicas e regulatórias de grande escala.

Entre as iniciativas em andamento, destacam-se grandes constelações como a rede G60 Starlink, da Spacecom Satellite Technology, com previsão de 15 mil satélites; o Guowang Constellation, do China Satellite Network Group, planejando 12.992 unidades; e o Honghu-3, da LandSpace, que visa colocar 10 mil satélites em órbita. Além disso, o país estuda o lançamento de uma rede integrada de satélites para comunicação, navegação e monitoramento entre a Terra e a Lua, com o objetivo de fornecer serviços em tempo real a usuários globais e permitir transmissões simultâneas para mais de 20 viajantes.

Padronização regulatória 

Com o crescimento acelerado do setor espacial comercial, a CNSA também anunciou recentemente a criação de uma Aliança de Inovação Espacial Comercial. A iniciativa vai reunir empresas e organizações para enfrentar desafios como o uso eficiente de recursos, padronização regulatória e melhoria da coordenação entre diferentes operadores. Um dos focos da aliança é transferir tecnologias desenvolvidas por empresas estatais — especialmente em foguetes e satélites — para o setor privado, adaptando esse conhecimento às novas demandas do mercado.


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Outra frente estratégica será a ampliação do acesso a infraestruturas nacionais de testes, antes restritas a projetos governamentais. O objetivo é permitir que empresas comerciais acelerem o desenvolvimento de novos produtos e serviços, fomentando a inovação no setor. Para isso, o governo chinês também estuda a criação de ambientes de "sandbox" para testes de cenários espaciais de alto risco, onde os resultados poderão ser rapidamente convertidos em soluções viáveis para aplicação comercial.

 

*Imagem de capa: Depositphotos.com

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