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Com impressoras 3D, pesquisadores desenvolvem solução para a falta de água no RS

Cada adaptador pode beneficiar até 30 pessoas durante cerca de dez dias, proporcionando acesso à água potável

Por: Lorena Paiva/ Jornal da PUC      29/05/2024 

Alunos de mestrado do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio produziram dispositivos que facilitam a filtragem de água para a população afetada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Os adaptadores, fabricados em impressoras 3D no Biodesignlab Dasa/PUC-Rio e por voluntários em todo país, têm o papel de facilitar o acesso à água potável para às pessoas desabrigadas. O projeto está disponível a todos que tenham acesso aos equipamentos 3D. No campus da universidade, já há um ponto de coleta no Departamento de Artes & Design para receber os adaptadores doados pela comunidade e, que depois, irão para o Sul.

Pesquisador mostra adaptador de água potável, criado para auxiliar vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, feito com impressora 3D. Imagem: PUC-Rio/Divulgação

Elaborado por pesquisadores do DI BR, um grupo de profissionais independente, incluindo o aluno de mestrado Raphael Bastos, o projeto surge como resposta aos desafios enfrentados pela população do RS. Bastos apresentou a proposta aos colegas de pós-graduação, que desenvolveram dezenas de protótipos a serem enviados para a região atingida.

Os adaptadores serão distribuídos em kits contendo um saco resistente, que pode servir como recipiente para a filtragem de água, uma vela de filtro de barro e um manual de instruções desenvolvido pela equipe. O professor João Azevedo, do Biodesignlab da PUC-Rio, destaca a importância da iniciativa: "A discussão era sobre como o design poderia gerar soluções para os desafios enfrentados no Rio Grande do Sul. A partir disso, buscamos alinhar nosso conhecimento e pesquisa para alcançar um público mais amplo por meio de tecnologias inovadoras. Trata-se de um formato de fabricação distribuída, que é algo que a gente estuda muito no laboratório. A ideia é fazer com que um pesquisador consiga enviar um projeto de um estado para o outro. Assim, a produção do protótipo será incentivada e distribuída em maior quantidade".


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Os pesquisadores enfatizam a importância da rede solidária e colaborativa. "A disponibilização do adaptador não elimina a necessidade de doação de garrafas d'água. Dado o contexto de catástrofe, é importante encontrarmos soluções mais simples e acessíveis para apoiar aqueles que foram atingidos. Temos atualmente uma grande comunidade de designers com impressoras 3D e entendemos que esses profissionais também podem contribuir. O que foi desenvolvido na PUC-Rio é uma maneira de permitir que mais pessoas colaborem", reforça o pesquisador Raphael Bastos ao Jornal da PUC.

Desafios

Um dos desafios logísticos é o recebimento e envio dos adaptadores. Para o mestrando Marcelo Viana, foi essencial realizar um mapeamento nacional em diferentes regiões e coordenar as coletas, tanto dos adaptadores quanto dos filtros, que também são necessários. "Conseguir conectar as diferentes regiões e as coletas, seja dos adaptadores ou dos filtros - um item para o qual também precisamos de doações -, e garantir que esses equipamentos cheguem aos nossos pontos de distribuição, é essencial. Enviamos para nossos centros de distribuição no Rio Grande do Sul, para que os filtros possam chegar à população”, destaca.

Os dispositivos pesam entre 50 e 70 gramas cada, e o kit completo pesa em torno de 400 gramas, facilitando o transporte. Cada adaptador pode beneficiar até 30 pessoas durante cerca de dez dias, proporcionando acesso à água potável. O projeto é aberto, e qualquer pessoa com uma impressora 3D pode reproduzir os adaptadores e doá-los no ponto de doação mais próximo. Até o momento, cerca de 1 mil adaptadores já foram confeccionados e 200 kits enviados ao Rio Grande do Sul.

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