Serviço Geológico identifica potencial mineral no Ceará ligado à indústria 4.0

O estudo apresenta avanços no conhecimento geológico. Dentre as várias novidades, destaca-se sequência metavulcanossedimentar de idade sideriana (Complexo Arábia), que contém diversas ocorrências de formações ferríferas.

Por: Assessoria de Imprensa/ Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM)      20/09/2021 

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) disponibilizou na última quarta-feira (15), a cartografia geológica de mais 36 mil km², englobando 12 folhas na escala 1:100.000, na região sul do Ceará. O mapeamento identifica recursos minerais como magnesita, gipsita, calcário, barita, caulim, celestita, quartzo, gemas, mármore, talco, amianto, scheelita, cromita, galena, grafita, ouro, ferro e manganês. Muitos destes minerais são considerados estratégicos, pois atendem à demanda da indústria 4.0, que engloba a tecnologia da informação e energética. Foram apontadas 17 ocorrências de cobre, duas ocorrências de ouro e 78 ocorrências de mármore.

Mapa Integrado Geológico Granjeiro-Cococi. Escala 1:250.000. Imagem: Divulgação

Conforme a pesquisadora em geociências Iris Pereira Gomes, esse potencial observado no Ceará deve-se a características geológicas de terrenos pré-cambrianos.

"Regiões contendo rochas pré-cambrianas tem uma diversidade geológica que normalmente hospeda bens minerais, principalmente metálicos, como é o caso dos ambientes geológicos existentes nas províncias minerais de Carajás e do Quadrilátero Ferrífero", explicou. Além disso, o estudo permite individualizar diversas unidades litoestratigráficas fanerozoicas, proterozoicas e arqueanas, que possibilitaram mudanças significativas na compreensão da geologia na região.

A expectativa é fomentar, futuramente, estudos detalhados e quem sabe abrigar um novo empreendimento de produção mineral na região. "Só uma pesquisa geológica mais detalhada, enfocando as substâncias minerais potenciais desta sequência, pode sugerir a possibilidade de um futuro empreendimento", pontua Iris.


Continua depois da publicidade


Estima-se que, em média, investigações geológicas mais complexas demorem cerca de dez anos para serem concluídas, desde as etapas iniciais até o empreendimento ser considerável viável economicamente e cumprir todas as exigências ambientais necessárias para se viabilizar como uma alternativa concreta de desenvolvimento sustentável.

Os estudos geológicos servem de base para o setor mineral, que tem registrado excelentes resultados para a economia do país. No primeiro semestre, representou cerca de 28% das exportações (38.8 bilhões de dólares), o que corresponde a um aumento de 66% em comparação ao mesmo período do ano passado. Mesmo em meio a pandemia, em relação ao mercado de trabalho, o setor gerou 11 mil empregos no primeiro trimestre, crescimento formal de 7.7%, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM).

Inserido em uma das novas fronteiras da pesquisa mineral do país, parte do estado do Ceará está geologicamente ligado à Província da Borborema, onde atualmente há várias pesquisas focando bens metálicos, substâncias como ferro, vanádio, titânio, ouro, platinoide (paládio e platina), níquel, cobre, cobalto e cromo. Destaca-se atualmente a implantação do empreendimento da mina de Itataia para exploração de urânio e fosfato, que está em fase de liberação ambiental.

O nome do projeto refere-se à abrangência territorial, que percorre do oeste (Bacia do Cococi) até o lado leste do Ceará, região do município de Granjeiro e adjacências. Nesse área, foram mapeados os municípios de Parambu, Tauá, Arneiroz, Catarina, Aiuaba, Antonina do Norte, Saboeiro, Campos Sales, Salitre, Potengi, Araripe, Santana do Cariri, Nova Olinda, Altaneira, Cariús, Acopiara, Quixelô, Iguatu, Orós, Icó, Jucás, Cedro, Umari, Lavras de Mangabeira, Várzea Alegre, Farias Brito, Baixio, Ipaumirim e Aurora. A pesquisa se estende aos municípios de Cajazeiras, na Paraíba, e Pio IX, no Piauí.

De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM, Marcio Remédio, através deste projeto a empresa dá continuidade à política governamental de atualizar o conhecimento geológico do país, através dos levantamentos geológicos básicos, geoquímicos e geofísicos, e da avaliação integrada das informações, fundamental para o desenvolvimento regional e importante subsídio à formulação de políticas públicas e de apoio à tomada de decisão de investimentos.

"Com a disponibilização destes produtos, espera-se contribuir para o desenvolvimento do conhecimento geológico do território brasileiro, atrair investimentos e fomentar a implantação de novos empreendimentos mineiros na região, promovendo a geração de empregos e o desenvolvimento regional do Ceará", afirma.

Gostou? Então compartilhe: