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Entrevista: Eurípedes Fernandes, líder do GT de Negócios da ABII

Por: ABII      02/12/2020 

Eurípedes Fernandes é apaixonado por inovação, entusiasta de tecnologia e movido à desafios. A trajetória de carreira é cheia de mudanças, de operador de máquinas até virar a chave seguir para a área de Tecnologia da Informação como autodidata, cursou Sistemas de Informação pela Udesc, em Joinville, e atuou na Datasul/Totvs por mais de 10 anos como Consultor de Negócios e Sistemas em Manufatura, tendo participado de projetos em grandes empresas pelo Brasil, Paraguai e Uruguai. Atuação por dois anos com SAP Business One com o canal Gati Tecnologia, participando da venda à entrega em 3 grandes clientes de Santa Catarina. 

Há 3 anos atua como especialista de ERP para Industria e Product Marting do ERP Senior, sendo responsável por toda a solução industrial da plataforma ERP da Senior Sistemas. Na Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), atua como líder do Grupo de Trabalho (GT) de Negócios, de forma totalmente voluntária. Também é Head de Industria na Blusoft e palestrante no assunto transformação digital na indústria.

Nesta série de entrevistas você vai conhecer melhor os líderes dos GTs da ABII. É uma forma de inspirar e estimular a participação neste movimento. A ABII completou quatro anos de fundação em agosto deste ano e atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da indústria 4.0 e da IIoT (Industrial Internet of Things) no Brasil. Boa leitura!   

Conte sobre sua trajetória profissional. Como foi o início e como é hoje?

Eurípedes - Comecei a trabalhar bem cedo, aos 12 anos, aos 18 fui trabalhar na indústria como operador de máquinas e sabia que era o que eu queria, por gostar de maquinário e operações complexas, mas sempre fui inquieto e queria desafios para crescer, num contexto como esse o mais comum é isso não vir tão rápido. Então migrei para a área de tecnologia de forma autodidata, aprendendo a programar sistemas em algumas linguagens por conta própria, tentei Sistemas de Informação na Udesc (isso já aos 22 anos) e em uma sorte do destino consegui uma vaga de estagiário pouco mais de um ano depois dessa decisão e o melhor, na Datasul Manufatura na época (2005), que juntava minha nova paixão (tecnologia/software) com a minha antiga (indústria/máquinas). Nessa nova fase aprendi muito, foi minha faculdade em termos de sistemas de gestão empresarial para indústria principalmente, atendendo a operação de ponta a ponta. Atuei com suporte, manutenção, desenvolvimento, consultoria de implantação e consultoria de negocio. Viajei por muitos anos e passei por diversas grandes empresas para de alguma maneira aprender e contribuir, foram anos intensos e que conheci muita gente boa também, pessoas que me ensinaram demais


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Depois de muitos anos trabalhando com Totvs/Datasul eu me aventurei por 2 anos com SAP Business One também, é outro mundo que traz muitas experiências positivas também. Atuei em 3 grandes projetos nesse período, que agregaram demais na carreira, pois foram atuações desde a prospecção, levantamento, venda e viabilização sistêmica. Por fim migrei novamente de carreira, fui para a área de Gestão de Produtos, que é onde atuo hoje na Senior Sistemas. Percebi que a minha bagagem poderia ser positiva no apoio a construção de novas soluções para o meio industrial e por isso aceitei o desafio. E está sendo super positivo, além dos desafios diários da área onde atuo com Industria e agora especificamente com Product Marketing, ainda tive a oportunidade de ter um espaço na ABII e também na Vertical de Manufatura da Acate, o que trouxe de forma exponencial as oportunidades de contribuir a nível nacional com a Industria. E de lambuja ainda houve o convite para ser Head de Industria na Blusoft, que se transformou num braço da Acate em toda a região do vale do Itajaí. Resumindo, gosto de desafio, de coisas difíceis e gratificantes na mesma proporção e não tenho medo de arriscar. Além é claro de valorizar muito a troca de experiências.

Você continua estudando? Como o estudo se encaixa na sua rotina atual?

Eurípedes - Sim, ainda estudo. Estou finalizando uma graduação no fim deste ano, em gestão de empresas, e faço muitos cursos rápidos e capacitações em instituições como Udemy.

Qual foi o momento de maior aprendizado profissional que você teve?

Eurípedes - Eu tenho dois, que foram verdadeiros divisores de águas na minha carreira profissional e também no âmbito pessoal: o primeiro momento foi em 2005 quando migrei para Tecnologia, o primeiro dia em que sentei na cadeira, liguei o computador e pus o fone no ouvido eu fiquei me perguntando "isso é trabalhar mesmo?". Para quem veio de 8,5  horas de pé, dentro de um pavilhão à quase 50º, na pancadaria de segunda a sábado, era uma mudança radical de mais (isso sem considerar o período entre um e outro em que trabalhei em uma lavação 10h por dia ganhando 15 reais por dia). Isso mudou muito minha mentalidade pessoal também, as preocupações em como me relacionar com as pessoas foi impactada diretamente, além é claro da preocupação em buscar crescimento muito mais aguçado do que jamais havia tido. O segundo momento em 2017 quando entrei na Senior, sai do âmbito de consultoria, vinculo PJ e muitas viagens mas com um salário (apesar de variável, sempre muito bom) para morar em outra cidade, ter mais custos e passar a trabalhar novamente como CLT (depois de 9 anos como PJ), foi um baque. Mas os desafios impostos para mim logo de cara me mostraram que ali eu teria uma nova oportunidade de crescer na carreira e de mentalidade muito rapidamente. Entrei com as minhas limitações determinadas pelo meu modelo de trabalho e passei a me desafiar a dar palestras para grandes públicos, defender projetos para o board da empresa, atuar com várias áreas de forma sinérgica e estratégica além é claro de não ter mais só a minha cobrança pessoal por resultados, mas da empresa também.

Teve alguma oportunidade que você deixou passar e se arrepende? Ou ao contrário, teve uma oportunidade que você abraçou e só depois percebeu o quanto ela mudou o roteiro da sua vida?

Eurípedes - No âmbito profissional até hoje não deixei passar nenhuma oportunidade que eu julgasse positiva e possa se encaixar em algo que seja arrependimento. Se é desafiadora fatalmente eu vou abraçar. Agora entrar em uma que depois eu percebi que ela mudou o roteiro, sem duvida foi, novamente, a virada de chave para a área de tecnologia. Sou de origem simples e nem nos sonhos mais distantes eu imaginava estar onde estou hoje tendo Tecnologia como base de carreira.

Uma dica para um jovem que está iniciando sua jornada profissional:

Eurípedes - Aja conforme seu modelo mental direciona e esteja sempre cercado de pessoas que tem conhecimento e querem te ajudar. Se teu modelo mental é ambicioso e inquieto siga isso com firmeza, você vai chegar lá com certeza. Se teu modelo mental é ser acomodado, escolha algo que vai te satisfazer plenamente, o tempo passa e essa mentalidade pode mudar, sendo assim se te satisfaz plenamente esse conhecimento vai poder ser utilizado em outros caminhos. Levantar de manhã com a certeza de que está indo trabalhar em algo que te apetece é uma das sensações mais legais que se pode ter. Nem sempre isso é achado rapidamente na linha de tempo da vida, então continue procurando.

Como você chegou a ABII e começou a participar do GT? É uma atividade voluntária: como encontra tempo?

Eurípedes - Eu entrei na ABII logo que entrei na Senior, a ABII ainda não tinha 1 ano de criação ainda. Hoje, como líder de GT eu dedico meu tempo, normalmente fora do período comercial para dar vazão nas atividades, mas se necessário durante o horário é tranquilo pois a Senior reconhece essa atividade como muito positiva para a empresa e para a associação.

O que faz um líder de GT e qual foi a importância dos aprendizados no seu desenvolvimento profissional?

Eurípedes - Nós apoiamos de todas as maneiras possíveis que as atividades da ABII aconteçam de forma estruturada, tendo como balizador a missão da ABII que é ser referencia em IIoT no Brasil. Então os GTs trabalham com entregáveis específicos que vão dar essa sustentação para os associados e para o mercado, de forma que a mensagem da ABII vai ser propagada de forma estruturada. Meu aprendizado nestes três anos de atuação na ABII com certeza foram os mais diversos, tendo o network com pessoas espetaculares como base sem dúvida. Conhecer os mais diversos desafios que as empresas tem dentro do âmbito de IIoT me desafia sempre a pensar em meios de minimizar ou resolver usando as skills que temos na ABII, com os associados. Sem dúvida isso aguça a ampliação de conhecimento no meu dia a dia.

Na sua opinião qual a importância da ABII no atual contexto do País?

Eurípedes - A ABII está muito bem posicionada hoje, temos uma sinergia muito forte com as principais frentes de indústria no país e um papel relevante nas principais discussões que determinam o crescimento do mercado. Para o momento atual isso se torna mais importante ainda, pois para sustentar este crescimento a tecnologia é fator determinante e é disso que tratamos como associação.

Especificamente neste momento que ainda estamos enfrentando uma pandemia, qual foi e está sendo o papel da tecnologia?

Eurípedes - Só pela ABII falamos desta pauta há 4 anos, e lá atrás o discurso de que a tecnologia deveria ser olhada sob um aspecto mais positivo não era tão aceito quanto deveria. A pandemia só comprovou com mais força que o que viemos trazendo como discurso é uma realidade e que quem não embarcar fatalmente vai ter problemas sérios de sustentabilidade no mercado. Hoje é imprescindível se beneficiar da tecnologia para ter mais controle sobre a saúde da indústria, de como estão seus indicadores, de otimizar o processo produtivo dando segurança para as pessoas e também para se projetar o futuro com base em dados estruturados e concisos. Nada disso é possível sem tecnologia.

Você acredita que vamos para um outro patamar de utilização das tecnologias da internet industrial e indústria 4.0 após a pandemia?

Eurípedes - Sem duvida, já ficou bem claro para os industriais, dos mais diversos tamanhos, a importância do uso de tecnologias habilitadoras da Industria 4.0 para manter a resiliência das operações. O discurso de que quem não entrar no circuito de adoção vai ficar pra trás já comprovado.

Qual a importância das pessoas na transformação digital?

Eurípedes - Sempre falo que pessoas são as que determinam a adoção das tecnologias, sejam decisores nas empresas ou usuários, se não há engajamento e sentimento de ganho no uso a empresa vai continuar com operações analógicas e com baixo índice de confiança e credibilidade. Por isso que ter todos engajados é imprescindível, manter todos na mesma pagina em relação à tecnologia, seja a nível de conhecimento teórico quanto no nível pratico, para que todos possam crescer de forma igualitária.

Quem é seu guru, sua grande inspiração na vida? O que aprendeu?

Eurípedes - Tenho vários, principalmente no âmbito da música (que é onde eu sempre busco refúgio). Mas no âmbito de negócios eu gosto bastante do Silvio Santos, da história, da humildade e da resiliência que ele sempre teve. Quando morei em São Paulo por duas vezes vi ele entrando ou saindo do Jassa e sempre transpareceu o que ele é na TV ou na empresa. Outra pessoa que também conheci pessoalmente, tenho muita admiração e me inspiro é a Ana Borsari, que hoje é CEO de toda a operação da PSA (Peugeot, Citroen e DS) no Brasil. Ela batalhou para chegar onde está e sem duvida é uma história inspiradora, de atendente de pós-vendas em uma empresa recém chegada no Brasil na época para CEO de toda a operação mas ainda mantendo a mesma preocupação que ela tinha lá quando começou.

Indique um livro (ou um filme, ou uma série, ou um site, ou um canal) que seja inspirador:

Eurípedes - Gosto muito de ler, indicar um só é muito difícil, mas acredito que o livro "Originais" do Adam Grant seja um que todos deveriam ler e tirar aprendizados. A historia de como os inconformistas mudam o mundo, da forma como ele traz, deixa muito claro aquilo que comentei antes sobre a dica para quem está começando a carreira: você é capaz de fazer o quiser e se tem medo, vai com medo mesmo!

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