Como tornar a indústria de base brasileira mais competitiva por meio de IoT, geoprocessamento e telemetria

Por: Vinícius Callegari      20/09/2021

Antes de entrarmos de fato no tema desse artigo, acredito que seja importante destacar a movimentação atual. A indústria de base brasileira, tão importante para a economia nacional, passa por um momento positivo com recordes de faturamento devido ao câmbio favorável. Essa alta margem, muitas vezes, mascara ineficiências operacionais, em particular na logística interna. A verdade é que essa ineficiência é sabida por todos, mas por falta de tecnologia adequada, até muito pouco tempo não se podia controlar a gestão de centenas de máquinas móveis de forma proativa.

Já há algum tempo temos falado sobre a chamada Indústria 4.0 e como o uso de tecnologia pode ser aplicado justamente para melhorar as ineficiências que citei acima. Mas, para isso, precisamos separar a indústria 4.0 em processos produtivos e processos de logística interna (movimentação de insumos, produtos semiacabados, escória, etc). Na parte de produção, a indústria 4.0 se mostra mais madura, com tecnologias e resultados mais palpáveis. Na parte da logística interna (movimentação interna de materiais), ela ainda está engatinhando e pelo menos até 2018, não se conseguia automatizar a gestão das máquinas e ter informações "básicas" sem ser de forma manual ou semi manual. Falando de aderência no processo de logística interna, a velocidade de adoção vem aumentando ano a ano, porém, sempre amparado por um trabalho realizado a quatro mãos.

Esse é outro ponto de suma importância para o desenvolvimento da indústria de base. É preciso orientar, de forma constante, os clientes sobre a relevância de uma "transformação cultural", antes da digital. Esse aculturamento é, de forma bem simples, preparar, ensinar e acompanhar a evolução das pessoas dentro da nova tecnologia, que por sua vez interage com os processos que eles já realizavam de forma empírica.


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A partir do momento em que você consegue criar uma cultura de inovação e fazer com que ela faça parte do DNA da empresa, você conseguirá ter ativos monitorados e centralizados em uma plataforma (IoT), coletar as informações da saúde e funcionamento destes ativos (telemetria avançada) e mapear áreas de disponibilidade/indisponibilidade dentro da usina (geoprocessamento). Será possível, inclusive, receber uma massa estruturada de dados e transformá-los em informação valiosa para tomada de decisão gerencial e operacional.

Essa transformação digital permite que a indústria ganhe eficiência operacional e administrativa, uma vez que estrutura uma massa gigantesca de dados, muitas vezes coletados de forma manual, ou nem mesmo medidos, e permite que as pessoas tenham uma visão transparente do fluxo de todos os processos. Temos de lembrar que sempre teremos o tripé: pessoas, processos e tecnologia. Logo, a tecnologia vem para que as pessoas mudem o seu papel e possam analisar processos, e não mais perder o seu tempo simplesmente os executando.

Por fim, assim como é hoje (e há alguns anos), a indústria de base continuará sendo vital ao desenvolvimento do país, só que ainda mais inserida na transformação digital, e consequentemente mais produtiva, rentável, segura, e com maior compliance em todos os seus processos. No caso do Brasil, acho que podemos ter o parâmetro de outros grandes mercados emergentes, como a índia e China, que têm alto potencial de escala e crescimento. Os EUA ainda é o mercado mais maduro em termos de adoção de tecnologias para indústria de base, mas nosso país tem grandes chances de se tornar uma potência tão importante quanto eles.

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Vinícius Callegari

CCO e Head de Desenvolvimento Comercial da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para mineradoras e siderúrgicas.