Todas as economias do mundo sofrerão os reflexos da nova pandemia do coronavírus. As cadeias globais de manufatura e suprimentos continuam a sentir o efeito reverberante da epidemia de COVID19 e o sentirão por meses, talvez anos. Fábricas e empresas de logística buscam garantir as operações, mas enfrentam indisponibilidade de mão-de-obra, atrasos no transporte e incertezas regulatórias. Com o número de pessoas diagnosticadas com o Coronavírus, que agora ultrapassa dezenas de milhares em todo o mundo, e com a maioria dos países adotando o fechamento de fronteiras e barrando a circulação de pessoas, o que isso significa para as cadeias de suprimentos globais?
É grande o impacto dos efeitos da nova pandemia nas cadeias de suprimentos e estoques globais devido a quarentenas e fechamento prolongado de fábricas, comércio e outros segmentos da atividade econômica, incluindo o isolamento de várias cidades e regiões. Os efeitos serão duradouros na cadeia de suprimentos internacional, no comércio e no transporte marítimo. Isso deixa as indústrias com poucas alternativas para se prepararem para o pior.
Esse ‘novo normal’ exige que todas as organizações entendam seus processos de negócios e cadeias de suprimentos, além dos riscos aos quais podem estar expostos como fornecedores e clientes. Essa é a única maneira de ajudar e formular o planejamento de negócios daqui para frente.
A pandemia do coronavírus está prejudicando a logística cuidadosamente calibrada do transporte global. A navegação interrompida criou um desequilíbrio nos contêineres usados para enviar mercadorias. Os contêineres de 40 pés continuam se acumulando em vários portos em todo o mundo.
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À medida que o congestionamento aumenta, os portos estão ficando sem espaço, especialmente para contêineres que requerem fontes elétricas. Ainda não sentimos totalmente o efeito do congestionamento de contêineres frigoríficos e da interrupção do transporte global, que provavelmente aumentará nas próximas semanas.
“Imagine se você necessitasse encontrar um medicamento contra a coronavírus, então essa catástrofe logística estaria no mercado mundial ainda nos próximos meses”. afirmou Yntze Buitenwerf, presidente da Seatrade, uma empresa de transporte e remessa internacional sediada em Antuérpia, na Bélgica.
O presidente da Câmara de Comércio Europeia da China, Jörg Wuttke, observa que, a partir de março, as interrupções na cadeia de suprimentos atingiram a produção farmacêutica, em particular, já que a indústria alemã depende da China para 80% a 85% dos ingredientes farmacêuticos ativos.
Os bloqueios e quarentenas levaram a uma indisponibilidade severa de mão-de-obra nas regiões afetadas. Logísticas, como a coleta e transporte de caminhões, foram seriamente afetadas, levando as empresas a não conseguirem entregar os produtos acabados.
A instabilidade das cadeias de suprimentos não é o único desafio. A mudança na demanda do consumidor é outro fator de risco em meio à epidemia de coronavírus. A queda das exportações da China atrapalha o comércio de produtos brasileiros destinados à Ásia.
“As empresas estão aprendendo agora como o sistema de produção global é realmente frágil”, disse Gabriel Felbermayr, presidente do Instituto Kiel para a Economia Mundial.
O cenário mostra a forte dependência de muitas indústrias, de uma única fonte de matérias-primas.
O gerenciamento de riscos está se tornando uma parte cada vez mais importante do trabalho do gerente da cadeia de suprimentos. No entanto, as indústrias que ainda não começaram, ou estão em estágios iniciais de transição para a Indústria 4.0, enfrentarão mais dificuldades.
A versatilidade para avaliar e ajustar os requisitos de estoque, otimizar suas cadeias de suprimentos e melhorar o OEE (do inglês, Eficiência Geral de Equipamento) é agora mais imperativa. Empresas industriais ágeis podem transformar esse período de incerteza em uma oportunidade de aprimorar suas operações para atender a demandas iminentes que sem dúvida flutuarão no futuro próximo.
Atenuar a imprevisibilidade da cadeia de suprimentos, a conectividade e o acesso aos dados são mais importantes do que nunca, bem como a capacidade de ter visibilidade completa em todo o processo de fabricação.
“As indústrias e a economia em geral estão em um novo cenário, encontrando-se mais vulneráveis aos riscos da globalização e à ruptura da cadeia de suprimentos. Portanto, o uso correto de conjuntos de dados e ferramentas de previsão será crucial para as empresas, pois elas navegam no ambiente atual do mercado e continuam a tomar decisões estratégicas.”, Michael Briody e Todd Sibilla da Bloomberg.
O impacto da imprevisibilidade da cadeia de suprimentos só pode ser mitigado por dados em tempo real, entregues às pessoas certas no momento certo. Esta é uma das principais vantagens da Indústria 4.0, que permite decisões dinâmicas e proativas em tempo real em resposta às mudanças rápidas impostas pelas circunstâncias de crise. Em situações como esta que estamos vivenciando, quanto melhor é a automação e qualidade dos dados, melhor será a condução das atividades econômicas em um momento de elevada imprevisibilidade.
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