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A automação vai fechar mais vagas do que criar?

Carros que dirigem sozinhos, serviços de entregas feitos por drones, robôs nas indústrias, impressoras 3D e muitos sensores. A automação traz para as empresas muitos ganhos produtivos e financeiros, mas o que acontecerá com os trabalhadores que executam as mesmas tarefas que esses robôs? As novas tecnologias chegaram para ajudá-los a trabalhar de forma mais eficiente ou para colocar seus empregos em risco?

Por: Cristian Machado De Almeida      17/12/2018

O tema ainda gera muita polêmica entre profissionais de diversos segmentos. Alguns afirmam que passar o trabalho para as máquinas aumentará o desemprego, enquanto outros acreditam que a automação vai trazer prosperidade. Um bom exemplo é o guarda de segurança Bob: um robô que patrulha o local de trabalho, monitorando as salas em 3D e relatando anomalias.

Este robô é fruto da imaginação dos cientistas da Universidade de Birmingham. Eles insistem que as máquinas irão "apoiar os seres humanos e aumentar as suas capacidades", apesar das preocupações de que a tecnologia poderia, eventualmente, substituir os agentes humanos de segurança. O Exército dos Estados Unidos, por sua vez, está analisando a substituição de milhares de soldados por veículos de controle remoto para tentar evitar cortes radicais de tropas.

Ascensão dos robôs

O pesquisador da Universidade de Oxford, Carl Frey, que estudou a ascensão do trabalho computadorizado, ganhou as manchetes quando previu que a automação colocaria até 47% dos empregos norte-americanos em "alto risco". Na época, essa previsão foi considerada exagerada por Robert Atkinson, presidente da Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação, com sede nos Estados Unidos.

Mas Frey mantém sua previsão, insistindo que o número não é tão chocante quando se considera que o processo pode levar 20 anos. Os dois discordam sobre os números, mas concordam que cada vez mais máquinas estão chegando aos locais de trabalho. Alemanha, Japão e Estados Unidos tornaram-se grandes investidores em tecnologia automatizada, mas há sinais claros de intensificação do uso de máquinas mesmo em países onde o trabalho fabril, que costuma ter salários baixos, é comum.

A China, por exemplo, se tornou nos últimos anos o maior comprador mundial de robôs industriais. De acordo com Frey, as máquinas estão entrando na Índia também. "A Nissan utiliza robôs industriais para a produção de seus carros no Japão", diz ele, "mas nós já estamos vendo exemplos do mesmo tipo de empresa se automatizando na Índia. Empresas em todo o mundo estão investindo em tecnologias que podem automatizar uma nova gama de postos de trabalho. Na Alemanha, por exemplo, a empresa de robótica Kuka está testando uma câmera de TV sem cinegrafista para transmissão ao vivo, que promete oferecer uma imagem livre de trepidação”, completa Frey.


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Enquanto isso, no Japão, a fabricante de robótica Yaskawa produziu uma robô de dois braços que pode montar produtos em linhas de produção com destreza semelhante à humana. A Foxconn, uma montadora de iPhones com base na China que emprega mais de um milhão de pessoas, está investindo em tecnologias de automação para ajudar a absorver sua intensa carga de trabalho.

Mas não são apenas as máquinas físicas que estão em ascensão - software "bots", que simulam ações humanas repetidas vezes também estão remodelando o local de trabalho. Em março de 2014, o Los Angeles Times publicou automaticamente uma notícia de última hora, graças a um algoritmo que gera uma pequena reportagem quando ocorre um terremoto.

O aplicativo de transporte Uber tem a vantagem sob os concorrentes de combinar automaticamente carros vazios com passageiros, sem a necessidade de operadores humanos. Travis Kalanick, fundador do app, já afirmou que poderá reduzir os custos ainda mais quando substituir a frota por veículos sem condutor.

Empregos em Risco

Frey diz que o desenvolvimento tecnológico tende a só acelerar nos próximos anos. Seu estudo de 2013 descobriu que, de uma amostra de 702 ocupações, quase metade corria o risco de ser informatizada. Alguns trabalhos, como dentista, dependem da capacidade de diagnóstico avançada e, assim, são menos suscetíveis de substituição por uma máquina. Também são seguras profissões como treinadores esportivos, atores, trabalhadores da área social, bombeiros e, mais obviamente, padres.

Mas datilógrafos, agentes imobiliários e vendedores estão entre as ocupações consideradas com alta probabilidade de automatização no futuro, de acordo com Frey. A linha entre o homem e a máquina está se tornando cada vez mais tênue. Estamos vendo alguns trabalhos que já foram automatizados, mas ainda não na dimensão em que acreditamos que eles estarão nas próximas décadas.

Crescimento nos próximos anos

O professor Atkinson observa que há "um verdadeiro temor de que nós estejamos rumando para a automatização de tantos trabalhos que não haverá mais nada para as pessoas fazerem". Essas afirmações são um tanto quanto exageradas pois as estimativas são de que apenas um terço dos empregos atuais possam ser automatizados.

O maior erro que ocorre com essas afirmações é que não fazem qualquer distinção entre funções e os empregos. "Uma máquina pode fazer uma determinada função, mas os trabalhos da maioria das pessoas envolvem várias funções diferentes. Você não pode automatizar todas as tarefas com uma única máquina". Ele acrescenta que a automação só irá melhorar a vida das pessoas: "O argumento é que quando uma empresa reduz os custos, a receita extra irá inevitavelmente voltar para os acionistas e empregados. Isso aumenta os gastos do consumidor e cria mais empregos."

Algumas frases  de Rob Crossley ajudam a entender melhor o cenário que está por vir:

"Os últimos 20 anos nos ensinaram que alguns locais se adaptaram bem à revolução do computador e alguns não."
"Muitos estudos têm mostrado como os computadores substituíram o trabalho em muitas das antigas cidades industriais, mas, ao mesmo tempo, esses computadores têm criado uma série de ocupações em outros lugares."
"Alguns prosperam com as mudanças, e outros não. Tudo depende de como você se adapta."

Este é meu último artigo neste ano de 2018 e gostaria de desejar a todos os amigos leitores boas festas e que seja um 2019 regado de muita saúde, felicidade e, claro, muito sucesso profissional.

Forte abraço a todos e um Feliz 2019!

*O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

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Cristian Machado De Almeida

Cristian Machado De Almeida

Formado em Engenharia de Produção e Pós graduação em Indústria 4.0. Atualmente trabalhando como Coordenador de Planejamento e Controle de Produção na Calvo Cestas Básicas, atuando na Consultoria Nova Fase Tecnologia como Industrial Business Development e Representante Comercial do Festival Internacional de Tecnologia e Comunicação.