Especialistas dão dicas de como pensar e estruturar projetos 4.0
Indústria 4.0 exige projetos que unam tecnologia a eficiência e produtividade
Indústria 4.0 exige projetos que unam tecnologia a eficiência e produtividade
A Indústria 4.0 já é realidade. Mas, por mais que os profissionais que trabalham no setor venham se preparando há anos para se adaptar a esse movimento de mercado, na hora de desenvolver um projeto 4.0 vários questionamentos e dúvidas aparecem.
Isso ocorre não porque os gestores têm um conhecimento limitado acerca das tecnologias existentes e tendências organizacionais, mas porque ainda existem incertezas acerca do efetivo impacto dos projetos na eficiência e produtividade. Por tanto, desde o começo os projetos 4.0 precisam ser pensados para resolver problemas específicos, de forma otimizada, ágil e com um custo-benefício compatível.
Para Enzo Morosini Frazzon, professor de Engenharia de Produção na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), todo projeto 4.0 precisa estar inserido em um plano de negócio, ou seja, deve fazer parte de um objetivo maior e não ser trabalhado de maneira isolada.
“Em minha opinião, estamos em um momento crucial para a transformação digital, o momento de efetivar as promessas de um indústria mais eficiente e ágil. Todo diretor de manufatura precisa ter traçado e comunicado o caminho a ser percorrido nessa transformação”, ressalta o professor.
Para tanto, ele defende que, antes de iniciar a implementação de um projeto envolvendo conceitos, tecnologias e/ou métodos da indústria 4.0, todo diretor de manufatura deve ter desenvolvido e comunicado para a organização os seguintes itens - que devem ser integrantes do plano de negócio que justifica a implementação do projeto 4.0:
Quem são os apoiadores da implementação, idealmente alta direção?
Quem são os tomadores de decisão envolvidos?
Quem será impactado pela implementação? Haverá retreinamento e/ou realocação?
Como os sistemas e processos atingidos funcionam atualmente (diagnóstico) e como funcionarão após a implementação do projeto.
Humanos: Qual a equipe alocada? Como será alocada? Qual é o perfil? Existe necessidade de treinamento? Qual o plano de treinamento?Tecnológicos: qual o grau de maturidade tecnológica da empresa?
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O profissional explica que, caso exista a necessidade de mobilização de tecnologias não dominadas pela empresa, é preciso traçar um plano de apropriação correspondente.
Informacionais: Qual a origem, como serão sistematizados e utilizados os dados e informações?
Tangíveis: Foco em eficiência (ganhos de produtividade, redução de desperdícios) e eficácia (ganhos de efetividade). Quais são os indicadores de desempenho monitorados antes, durante e após a implementação?
Intangíveis: imagem, evolução do mindset, transformação organizacional
Definição de documentos estruturados e marcos periódicos, voltados para o ambiente interno e externo à organização.
O Prof. Enzo Frazzon destaca ainda que a colaboração entre a indústria e a academia aumenta a efetividade da implementação dos projetos 4.0. “Principalmente porque a Universidade pode contribuir com uma visão externa especializada e neutra, não atrelada a fornecedores de tecnologias específicas, que podem distorcer a tomada de decisão acerca de investimentos e decisões tecnológicas com impacto no longo prazo”, explica.
Assim, os planos de negócio dos projetos 4.0 poderão se concentrar na proposição de valor e ganhos de eficiência, mobilizando adequadamente as soluções tecnológicas requeridas.
O coordenador do curso da FGV Educação Executiva de Gestão de Inovação e Tecnologia - Indústria 4.0, Gustavo Peçanha Lacerda Lima, endossa Enzo ao defender uma visão global dos gestores na hora de implementar um projeto 4.0. Além disso, Lima aponta a necessidade das empresas valorizarem as tecnologias e profissionais brasileiros para fazer esse projeto rodar. O coordenador é categórico: "quem ainda não começou seus projetos 4.0, está perdendo tempo”.
Para Lima, os gestores devem sempre ter em mente:
Em resumo, os profissionais defendem que os gestores de projeto 4.0 precisam ter uma visão integral tanto do plano de negócios da empresa, quanto dos itens que compõem o projeto. Só assim, é possível mapear as variáveis importantes, valorizar os recursos internos e gerar valor para a empresa e para a sociedade como um todo.
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