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País precisa de política para indústria 4.0, afirma vice da Fiesp

Por: O Petróleo      12/10/2019 

O vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, defende a criação de uma política voltada para a chamada indústria 4.0 e que promova a retomada da participação da indústria no PIB brasileiro. Para ele, o BNDES precisa participar desse esforço, como ocorre nos países desenvolvidos.

“Políticas com foco na indústria 4.0 têm sido adotadas com ênfase crescente ao redor do mundo”, destaca Roriz, que apresentou recentemente estudo no qual mostra que China, Estados Unidos, União Europeia, Alemanha, França e Itália têm políticas direcionadas para o desenvolvimento do setor industrial e o avanço tecnológico nessa atividade.

Além dessas políticas, Roriz ressalta a importância dos bancos de desenvolvimento nesse processo. O material aponta que, das dez maiores potências industriais do planeta, apenas os Estados Unidos não contam com instituição de fomento governamental. Em compensação, têm um sistema financeiro altamente pulverizado, com mais de 12 mil bancos e alta concorrência.

“O BNDES não perdeu dinheiro com seus empréstimos. De fato, houve algumas operações mal direcionadas, erros de alguns projetos que não trariam ganhos de produtividade, mas perder dinheiro, não perdeu. O BNDES tem um papel fundamental a desempenhar para o desenvolvimento da indústria e na chegada da indústria 4.0”, afirmou o vice-presidente da Fiesp.

Questionado sobre a dificuldade que o atual quadro de restrição fiscal implicaria para o desenvolvimento de políticas industriais, o líder empresarial explica que não está defendendo volta de subsídios, mas sim que o governo ataque problemas que assolam a indústria brasileira há muito tempo.

Citando dados recentes que mostraram que a produção industrial no mundo subiu 10% desde 2014, enquanto no Brasil recuou 15%, ele afirmou: “A queda de participação da indústria no PIB não é natural.” Roriz disse que a guerra comercial em curso no mundo ocorre exatamente nos produtos comercializáveis, ou seja, em bens industriais e que o Brasil precisa agir para aumentar a competitividade no setor.


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Para o industrial, entre os principais problemas a serem enfrentados no âmbito de uma política industrial estão: a questão tributária, não só pela complexidade do sistema, mas também porque a maior parte da carga está sobre a indústria, incidindo menos sobre outros setores; e os juros elevados no mercado de crédito, que até agora não refletiu as quedas da taxa básica de juros, que atingiu mínimas históricas. Ele destacou que uma máquina demora dez anos para ter sua depreciação no Brasil por causa dos juros altos, enquanto leva apenas um ano nos Estados Unidos.
Além disso, Roriz defendeu que o governo reforce a agenda de desburocratização, reduzindo, por exemplo, o tempo para licenciamentos ambientais; e invista na promoção de investimentos em logística e barateamento de energia. “Os Estados Unidos estão tendo uma reindustrialização por causa da redução do preço de energia gerada pelo gás de xisto”, comentou Roriz. “O Brasil descobriu petróleo e não tem ganho de competitividade nenhum com isso.”

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