A Indústria 4.0 é caracterizada pela integração de diferentes tecnologias com objetivo de promover a digitalização de atividades industriais e a eficiência operacional. Tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, Cloud Computing, Robótica, Big Data, entre outras, têm sido uma força motriz por trás da transformação dos processos de manufatura nos últimos anos. Essa revolução 4.0, a meu ver, permite que as empresas conectem pessoas, máquinas e sistemas para transformar as fábricas de modo que sejam mais inteligentes e autônomas no futuro dentro de uma nova realidade do setor. Novas habilidades que levarão a eficiência das organizações para outro patamar, assim como presenciamos a transformação na indústria nos períodos pré e pós a introdução da mecanização.
E quando se trata de elevar a competitividade de uma empresa, a automação é uma forte aliada nesse processo, pois ela não só permite otimizar tarefas de forma ágil e eficiente, mas também evita custos desnecessários ou gargalos da operação.
E cada projeto que visa obter ganhos de eficiência operacional, já é um passo importante rumo à autonomia dos processos industriais. E a habilitação da autonomia passa por algumas questões que são discutidas atualmente, entre elas, como a manutenção de ativos e gestão do estoque devem ser encarados pelas empresas, necessárias ou desperdícios?
Segundo a Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman), 5% do faturamento bruto da Indústria é gasto com manutenção. 50% desse valor é com a folha de pagamento das equipes envolvidas no processo. Portanto, ainda é grande a demanda por pessoas, que poderiam executar tarefas que seriam conduzidas de forma automatizada por meio de tecnologias e que auxiliam os gestores na manutenção do parque industrial.
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Isso significa que seria possível, por meio de uma solução de IoT para sensoriamento e coleta de dados em tempo real combinado com algoritmos de predição, identificar com antecedência quando uma máquina irá apresentar um defeito para que as equipes promovam ações de reparos ou de substituição. Mas podemos ir além disso. No futuro, conseguiremos atribuir às máquinas autonomia suficiente para que elas executem a sua própria manutenção.
Nesse contexto, quais projetos em torno da temática da Indústria 4.0 e da metodologia TPM (Total Productive Maintenance, ou Manutenção Produtiva Total na tradução para o português), você tem conduzido na sua organização para criação de uma cultura de anti-desperdício? E quais desses projetos têm buscado maior habilidade para apontar perdas, interrupções, além de garantir a qualidade contínua dos processos produtivos?
Essas novas habilidades e metodologias implementadas, além de aumentar a produtividade também viabilizam outros projetos no caminho da autonomia e remotização.
Um levantamento feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), e divulgado no final de 2021, mostra um aumento dos níveis de estoque na Indústria. No último ano, o índice atingiu 50,6 pontos, resultado 4,8 pontos acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
Excesso de estoque é um grande desafio para os empresários onde cada vez mais se investe em coleta de dados do processo e da cadeia de suprimentos para criação de algoritmos capazes de dimensionar, automatizar e integrar o abastecimento de forma contínua e otimizada. Dentro de uma gestão de estoque automatizada, é possível também identificar quando a demanda por determinado item é maior e com isso evitar a compra desnecessária de insumos. Economia de espaços nos armazéns ajuda na estratégia de mark-up e, consequentemente, no preço final do produto.
Além disso, outra vantagem de automatizar o controle do estoque é a possibilidade de criar uma gestão contínua que olha com mais atenção para os itens sem giro, ou seja, produtos sem vendas. Hoje, há soluções no mercado que ajudam os gestores do estoque a identificar qual a melhor estratégia para lidar com essas mercadorias, com a finalidade de encontrar a melhor oportunidade e destinos mais inteligentes para esses itens.
A transformação digital trouxe muitos avanços na gestão da logística das empresas, e um dos aspectos mais interessantes nesse cenário é o uso de dados para ajudar os gestores a tomarem decisões mais assertivas e inteligentes. Sendo assim, tenha certeza que cada projeto, que usa dados para identificar o consumo de um determinado produto, mesmo que isolado, está contribuindo para a concepção da fábrica autônoma.
Essa transformação foi acelerada nos últimos anos, haja vista a necessidade das empresas de se manterem competitivas em cenários de crises e incertezas. Vejo que muitas empresas já nasceram no mundo digital e outras passando por essa transição e estão sofrendo uma pressão por maior competitividade, mas todas são demandadas por melhores resultados, que podem ser alcançados por meio da digitalização. É o que mostra outra pesquisa da CNI, que aponta que 80% das empresas que inovaram durante a pandemia registraram ganhos de lucratividade e produtividade.
Por isso, acredito que o primeiro passo para as grandes empresas, que já lidam com o desafio de modernizar seus processos e maquinário, é investir em projetos que tragam benefícios no curto prazo, mas também criar novas habilidades tecnológicas para a sustentação da sua competitividade em uma nova realidade. A digitalização passou a ser o catalisador da resiliência dos negócios e para se manter relevante no mercado, é necessário fazer a lição de casa.
Imagem de capa: DepositPhotos.com
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