Scania vai lançar ônibus rodoviário a GNV até o fim do ano e prevê economia de 20% em comparação ao diesel

Chassi será o K320 4x2, com expectativa de comercialização já no segundo semestre

A Scania vai lançar um ônibus rodoviário a GNV (Gás Natural Veicular) até o fim do ano de 2020. A perspectiva foi informada ao Diário do Transporte pelo novo gerente de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil, Fábio D´Angelo, em entrevista exclusiva.

Segundo o executivo, o chassi será o K320 4×2 e a perspectiva de comercialização é para o segundo semestre do ano. Com o veículo, a estimativa de economia é de 20% em comparação ao diesel.

“Nós lançaremos um rodoviário a GNV. A expectativa é de que no segundo semestre tenhamos uma versão rodoviária dedicada ao segmento de fretamento. A ideia é focar no primeiro momento em operações de curta distância, de no máximo 300 quilômetros entre abastecimentos“, disse.

D´Angelo afirmou que a Scania já está realizando os processos de homologação e preparação do lançamento do produto e as perspectivas de venda são boas.

“Temos perspectivas não só de operadores, mas de clientes contratantes. Assim como acontece com caminhões, os embarcadores vêm demandando soluções sustentáveis em sua cadeia logística. Os provedores de transporte estão sendo levados a comprar caminhões GNV e já existe esse movimento também para o transporte de fretamento”, explicou.

“Empresas com grande número de colaboradores, que têm notoriedade e compromisso com meio ambiente vêm buscando soluções ao diesel. Alguns operadores de fretamento já nos demandaram um ônibus a gás para o transporte de fretamento. Estamos trabalhando com isso e até o final do ano vamos lançar o produto”, completou o executivo.

Custo operacional

Além dos benefícios ambientais, o gerente de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil afirmou que a economia no custo operacional com um ônibus a GNV chega a 20% em comparação ao diesel.


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“De modo geral, em questão de eficiência energética e testes que fizemos, a economia do custo operacional chega a 20% em uma condição normal de precificação de combustíveis”, afirmou.

“Falo isso porque existe um interesse das distribuidoras de gás em fomentar a demanda da utilização do combustível. Existe um interesse da Scania em colocar os ônibus que são geradores de demanda para o mercado”, explicou o executivo.

Ônibus urbanos a GNV

Na primeira semana de fevereiro, a Scania anunciou que no segundo semestre de 2020 os ônibus urbanos a GNV começarão a ser comercializados.

A linha urbana vai oferecer três modelos: K 280 4×2 (de 12,5 a 13,20 metros e capacidade de 86 a 100 passageiros), K 280 6×2 (15 metros, terceiro eixo direcional e capacidade para até 130 passageiros) e o articulado K 320 6×2/2, de 18,6 metros e capacidade para 160 ocupantes.

Na nova linha não são necessárias alterações significativas nos projetos das carrocerias, segundo a Scania. As instalações dos cilindros de gás podem ser feitas entre as longarinas do chassi (abaixo do assoalho) ou sobre o teto.

Os motores já serão Euro 6, tecnologia menos poluente que será obrigatória no Brasil apenas a partir de 2023. A autonomia será de 300 quilômetros. Caso seja necessária uma autonomia maior, é possível avaliar a colocação de mais cilindros.

O primeiro ônibus do Brasil abastecido a gás gerado a partir do esgoto foi apresentado em Franca, no interior de São Paulo, em 12 de novembro de 2018. Foi um veículo Scania K280 6×2 de 15 metros, que participou de uma demonstração feita em parceria com a Sabesp, a Embaixada da Suécia e a Business Sweden.

O Diário do Transporte esteve presente e relatou a experiência. Além de ser um veículo sustentável, o conforto foi destaque, pois o ônibus emite menos ruídos e possui motor traseiro. Relembre: Primeiro ônibus do Brasil abastecido a gás gerado do esgoto é apresentado em Franca (SP)

Para a linha rodoviária, no primeiro momento o foco será no fretamento e linhas de pequenas distâncias na versão 4×2, conforme explicado por Fábio D´Angelo.

Caminhões a gás

É da Scania o primeiro caminhão movido a GNV (Gás Natural Veicular) e/ou biometano que circula pelo Nordeste brasileiro. O R 410 6×2 da marca chegou em solo pernambucano para cumprir mais uma etapa da jornada da empresa pela sustentabilidade no transporte.

A Solar Coca-Cola, segunda maior fabricante do Sistema Coca-Cola no Brasil, e o Grupo HCL se uniram para levar o gás como alternativa ao combustível tradicional no transporte de cargas da região Nordeste.

Neste mês, a Scania Latin America anunciou o início da produção local e inédita de caminhões movidos a gás, GNV (Gás Natural Veicular) e GNL (Gás Natural Liquefeito), em sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

A chegada dos caminhões a gás está incluída no plano de investimento de R$ 2,6 bilhões, compreendido entre o período de 2016 e 2020, que contempla o lançamento da Nova Geração de Caminhões da marca.

A unidade de São Bernardo do Campo, também será responsável em conduzir o desenvolvimento global dos veículos a gás. No caso dos ônibus a GNV, os chassis também são produzidos na fábrica do ABC Paulista.

Entrevista

Confira um trecho da entrevista exclusiva com o novo gerente de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil, Fábio D´Angelo, sobre perspectiva de mercado e combustíveis alternativos:

Diário do Transporte – Qual a perspectiva da Scania com relação às licitações previstas para ocorrer em 2020?

Fábio D´Angelo – A Scania acompanha e conversa com todos os potenciais operadores e é uma questão de decisão, no momento em que forem divulgadas as licitações e abertos os envelopes, seguramente já teremos negociado com quem está participando do pregão e nos colocando como fornecedores.

Quais são os principais desafios para a aceitação do BRT?

Se a gente olhar para a cidade de São Paulo, maior frota de articulados que a gente tem, existe uma padronização muito grande no veículo 23 metros, mas existe também uma procura por racionalização da utilização da frota. Um veículo roda muito tempo ocioso.

Tenho ouvido de alguns clientes o interesse de viabilizar um ônibus de 18 metros mais que um 23 metros por questão de manobrabilidade e outras características.

E com relação à redução da emissão de poluentes?

Eu vejo uma necessidade latente de uma revisão e flexibilização dos termos que estão na legislação, que não coloca qual a tecnologia que deve ser usada, mas os níveis de emissão que devem ser cumpridos. Da forma que está escrito, ou se aplica um veículo elétrico ou não atende as normas.

Só que os empresários precisam comprar um ônibus hoje que vai rodar dez anos. Ele não pode comprar um hoje e substituir porque a legislação vigente daqui cinco anos vai estabelecer o uso do carro elétrico.

A gente precisa que o governo, com a responsabilidade de legislar, considere a questão da disponibilidade das tecnologias no momento de escrever seus editais. Nessa linha, vejo um potencial muito grande para a Scania, ao passo que esse entendimento se dissemina ao longo do Brasil, com diferentes estados e municípios, tornando mais viável a aplicação de solução com o gás natural, que tem grande valor agregado na aplicação urbana, principalmente na emissão de material particulado e NOx, que na solução da Scania são inferiores ao que é estabelecido no Euro 6, e a possibilidade de aplicação do biometano, que tem uma contribuição importante de redução de CO2 em até 90%.

A Scania não crê que nenhuma solução será exclusiva e definitiva para nenhum sistema, até porque não temos no sistema elétrico uma fonte única. Nas termelétricas, há queima de combustível fóssil para geração de energia. Sob essa perspetiva, o mesmo deve acontecer no setor de mobilidade, por meio da combinação das tecnologias disponíveis para que a gestão seja mais eficiente no quesito sustentabilidade e impacto ambiental.

Para a Scania, sustentabilidade deve estar ancorada por eficiência energética, questão de transporte inteligente e o impacto ambiental que isso proporciona.

Qual a perspectiva de uso do ônibus urbano a GNV?

Depende muito do sucesso dos projetos que estão sendo discutidos, da flexibilização ou criação de leis que tornem razoáveis a aplicação da solução a gás.

Do ponto de vista de disponibilidade do produto, nossos chassis estão homologados e prontos para serem comercializados. O que falta é a definição de um padrão de carroceria para homologação do ônibus completo.

Esse trabalho é que está em vigência atualmente e nossa expectativa é de que no segundo semestre isso já tenha sido cumprido e a gente tenha modelos de chassis mais carrocerias devidamente homologados e prontos para comercialização.

E do rodoviário?

Temos perspectivas não só de operadores, mas de clientes contratantes. Assim como acontece com caminhões, os embarcadores vêm demandando soluções sustentáveis em sua cadeia logística. Os provedores de transporte estão sendo levados a comprar caminhões GNV e já existe esse movimento também para o transporte de fretamento.

Empresas com grande número de colaboradores, que têm notoriedade e compromisso com meio ambiente vêm buscando soluções ao diesel. Alguns operadores de fretamento já nos demandaram um ônibus a gás para o transporte de fretamento. Estamos trabalhando com isso e até o final do ano vamos lançar o produto.

Onde buscar o GNV para abastecer os ônibus?

A solução tecnológica de um ônibus a gás, do ponto de vista de abastecimento, é igual a de um veículo. Pensando em operadores, é preciso pensar em uma frota em uma quantidade que justifique uma estação de bombeamento de gás dentro da garagem, assim como há a infraestrutura para abastecimento de diesel. O mesmo ocorre no elétrico, com a necessidade de torres para recarga.

Se ele decide comprar um lote, é questão de encontrar um que seja econômico para justificar a implantação na garagem de uma solução de abastecimento.

Para fins de teste de comprovação de viabilidade, basta ele chegar em qualquer posto de abastecimento de GNV que ele vai ter seu carro abastecido.

Contudo, já temos modelos de solução para trazer o implementador da estação de compressão e deixar já instalado na garagem.

É possível comparar custos operacionais de ônibus abastecidos com diesel e com GNV?

É difícil fazer essa comparação, porque são duas variáveis: o preço do diesel e do metro cúbico do gás. Elas não são constantes.

De modo geral, em questão de eficiência energética e testes que fizemos, a economia do custo operacional chega a 20% em uma condição normal de precificação de combustíveis.

Falo isso porque existe um interesse das distribuidoras de gás em fomentar a demanda da utilização do combustível. Existe um interesse da Scania em colocar os ônibus que são geradores de demanda para o mercado.

Existe interesse dos operadores por ter uma alternativa ao diesel que agregue algum valor no combate contra as emissões de poluentes. O que falta é só materializar isso e ter respaldado em questão de segurança jurídica, para que haja a decisão do investimento.


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