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Gladis Costa    |   27/09/2019   |   Marketing e Comportamento   |  

Os Baby Boomers* Não Querem Ser Invisíveis!

Os profissionais maduros estão encontrando sérias dificuldades para sua reinserção no mercado de trabalho. As empresas não consideram este profissional um ativo estratégico. Uma pena!

Não se pode criar experiência, é preciso passar por ela” – Albert Camus

Profissionais maduros estão vivendo sua “melhor idade” de maneiras variadas:  alguns atuam no ambiente de trabalho formal,  há os que querem voltar para o ambiente corporativo, mas não são reconhecidos como estratégicos; há os prestadores de serviços,  que desenvolvem jobs, oferecem consultoria, espécie de uma vida corporativa no modo on-demand; há os empreendedores, que, com capital, conhecimento e um produtivo networking, estabeleceram seu próprio negócio e, desta forma, continuam ativos e operantes; e outros que simplesmente desistiram da busca por falta de oportunidades. De qualquer forma, a reinserção é complicada.

A realidade é que muitos precisam trabalhar, mas encontram poucas vagas e muita resistência das empresas, apesar da experiência e capacidade. O desemprego aumentou para o profissional na faixa de 65+. Foi de 18% em 2013 para 40% em 2018, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.  Por que eles estão trabalhando? Por que este percentual aumentou tanto? Maior concorrência, maior desemprego; e porque precisam ajudar a compor a renda pessoal ou familiar. Mesmo quem se aposentou, não consegue dar conta de tudo só com o benefício recebido e muitos são desligados sem ter feito um planejamento adequado para os tempos bicudos. É a crise, dirão alguns.

A verdade é que poucas empresas têm uma política de recrutamento para o profissional senior. Ao mesmo tempo em que a população envelhece -  o IBGE afirma que até 2030 a população madura será maior número do que a de crianças até 14 anos -  já se sabe que a mão de obra mais jovem não será suficiente para atender a futura demanda do mercado, que pode requerer pessoal técnico e com experiência, dependendo do setor.


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Um estudo feito em 2018 pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas - (FGV-Eaesp) com 140 empresas mostrou que apenas 10% delas possuem alguma política de contratação de profissionais seniores. Se para a maioria das empresas faltam políticas, para outras o custo pode ser um impeditivo, principalmente no quesito saúde; outras acham que o impacto das novas tecnologias pode ser muito grande e algumas temem a reação à liderança dos mais jovens.

Porém, mais do que empregos, há uma outra “injustiça” cometida no mercado: é preciso criar produtos e serviços adequados e eficientes para este público. Nem mesmo na propaganda esta classe se vê representada. Por produtos leia-se itens modernos, criativos, alegres, nada em cores marrom, cinza ou bege.  Confunde-se o idoso com um doente. Quanto a serviços ou aplicativos, por exemplo, que utilizem tecnologia acessível, clara, intuitiva e suporte técnico  com muitas habilidades de soft skills. Não é pedir muito!   É melhor pensar no idoso como “adulto maduro” do que como “velhinho frágil e isolado”!

Mas como compreender a mente de mais de 54 milhões de pessoas com 50 anos ou mais? Ainda que muitos estejam descapitalizados, esta população tem uma renda média 40% superior à média nacional e pode movimentar até R$ 1,6 trilhão, de acordo com pesquisa conduzida pelo Instituto Locomotiva. Com todos estes dados, será que este público não é um bom target?  Talvez as empresas fizessem um bom negócio ao contratar profissionais maduros para entender o que seus pares desejam e traduzir seus anseios e necessidades. Eles, mais do que ninguém, sabem dialogar com esta geração.

Parece que os “adultos maduros” não querem pijama, chinelo, poltrona e amigos para o baralho. Querem trabalho, participar das reuniões, fazer parte do business, e principalmente, produzir!  Pode faltar trabalho, mas não falta energia. Esta turma não para um minuto!

Gladis

(*) Baby Boomers são os adultos com mais de 55 anos. No começo, gostavam de estabilidade, empresas de renome, plano de carreira e eram workaholics.  Hoje curtem tecnologia, empreendedorismo, projetos, viagens e cultura.

 

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Gladis Costa

Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.


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