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Librelato investe R$ 198 milhões para ampliar produção e lançar nova linha de carretas Evolut

Fabricante de implementos trabalha em 3 turnos com 95% da capacidade em suas três fábricas em Santa Catarina.

Por: Pedro Kutney/ Automotive Business      22/11/2021 

Surfando na elevada onda crescimento do setor de transporte de cargas no País, que lastreia a alta de quase 50% nas vendas de caminhões este ano e avanço de 40% nas compras de reboques e semirreboques, a Librelato trabalha no topo de sua capacidade de produção de carretas em suas três fábricas de carretas em Santa Catarina, uma em Criciúma e duas na vizinha Içara, que operam em três turnos com 95% de ocupação. A aposta é na continuação da expansão do mercado, por isso a empresa investe R$ 198 milhões em três anos (2021-2023) para ampliar e modernizar suas plantas e lançar nova linha de carretas Evolut.

Apesar de inflação e juros em alta que apontam para um cenário de recessão econômica, José Carlos Sprícigo, CEO da Librelato, avalia que o setor está descolado da adversidades e afirma que os fatores positivos que puxam o setor são mais fortes do que os pontos negativos. A fabricante de carretas estima fechar 2021 com a produção de 13,5 mil revoques e semirreboques, volume 44% maior que o de 2020, enquanto a receita deve somar R$ 1,8 bilhão, 29,5% acima dos R$ 1,39 bilhão do ano passado.

“As variáveis positivas para sustentar esse crescimento [do transporte de carga] nos próximos anos são contundentes. O agronegócio continua forte e é o maior comprador de caminhões e semirreboques, representa 70% das nossas vendas, mas outros segmentos também mostram força, como construção civil e obras de infraestrutura. O Brasil está muito barato e deve atrair muitos investimentos”, prevê José Carlos Sprícigo.

Com esse cenário em vista, a expectativa da Librelato é que as vendas domésticas devem crescer em torno de 20% em 2022, enquanto as exportações podem avançar 30% – isso depois de saltar 150% este ano, para perto de mil unidades, o que representa menos de 8% da produção, mas já transformou a fabricante na segunda maior exportadora brasileira de implementos, atrás apenas da Randon.


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Entre os maiores desafios para alcançar os resultados financeiros esperados com o crescimento de volumes de vendas está a continuada alta dos custos industriais, que ema média subiram 40% no último ano, principalmente devido aos ajustes do aço, principal matéria-prima dos fabricantes de implementos rodoviários. Em contrapartida, os repasses aos preços variaram de 30% a 35%, segundo o diretor comercial Silvio Campos. “Não conseguimos repassar tudo, mas esperamos poder oferecer um melhor custo-benefício com os novos produtos da linha Evolut que chegam em 2022”, afirma.

Também persiste o gargalo produtivo da falta de pneus, que segundo Sprícigo está sendo compensada com a importação, o que envolve problemas logísticos e câmbio desfavorável com a desvalorização do real. “Conversamos com os representantes dos fabricantes na Anip, disseram que mais para o fim deste ano o problema deveria se resolver. Ainda bem que não acreditamos neles e programamos importar mais para compensar parte da escassez. Não fosse por isso poderíamos produzir mais”, lamenta o CEO, que também é presidente da Anfir, entidade que reúne os fabricantes de implementos rodoviários. 

Investimentos em produtividade

Do investimento total anunciado de R$ 198 milhões, cerca de R$ 30 milhões já foram aplicados este ano, principalmente na compra de novos equipamentos e adoção de sistemas de manufatura automatizada da indústria 4.0, que devem elevar substancialmente a produtividade das linhas. Um exemplo é a recém-chegada célula de corte chinesa de 15 mil watts em Içara, totalmente automática, que custou cerca de R$ 10 milhões e é capaz de cortar com ar-comprimido 30 metros de chapas de aço de 1,5 polegada em apenas um minuto, com todo o processo disponível via internet para acesso da engenharia.

O ritmo de produção, que começou 2021 na casa das 60 carretas por dia, já está em 63 e a meta é chegar a 70 em 2022, quando está prevista a aplicação de mais R$ 50 milhões do programa de investimentos em processos e novas carretas. Com os investimentos em sistemas de manufatura 4.0, o parque industrial de Içara vai dobrar de tamanho, de 30 mil metros quadrados para 60 mil. “Nosso objetivo no médio prazo é entregar 90 produtos por dia”, informa o diretor de operações Marco Camargo.

Atualmente a Librelato tem 2,2 mil empregados, sendo 1,5 mil trabalhando diretamente nas linhas de produção. O plano de ampliação deverá incluir novas contratações, mas Camargo destaca que o maior foco será dado à automação de processos. “As máquinas automáticas trazem mais produtividade e qualidade, ao mesmo tempo em que compensam a escassez de mão de obra na região. Mas seguimos aumentando e qualificando nosso pessoal: recentemente precisamos treinar 300 soldadores fora da produção”, conta o diretor. Sprícigo explica ainda que Santa Catarina é atualmente o estado com o mais baixo índice de desemprego do País, de menos de 6%. “É mais difícil contratar aqui”, garante.

Novas oportunidades

A produção é bastante focada em carretas graneleiras e basculantes para o transporte de grãos, principalmente soja. Segundo o diretor comercial Silvio Campos, hoje a empresa domina 25% do segmento: “Um a cada quatro graneleiros que rodam no País, um é Librelato”, diz. Mas o mercado está mudando a preferência para os bitrens basculantes, que torna mais rápido o descarregamento dos grãos e por isso eles já representam 27% das vendas, e a fabricante espera aumentar sua participação nessa categoria para 20%. 

A estratégia agora é lançar os novos produtos da linha Evolut com reduções substanciais de peso, de 200 a 400 quilos mais leves, para oferecer mais produtividade aos transportadores e adicionar mais clientes à lista que já soma 15 mil no Brasil. 

Também estão na lista de lançamentos carretas lonadas e furgões de alumínio, um segmento onde a Librelato tem menos de 8% de participação de mercado. “Queremos agora expandir nosso sucesso nos graneleiros para a área de cargas fechadas, onde temos boas possibilidades de crescimento”, afirma Campos. 

Lançamento de ações é adiado

Hoje uma empresa 100% com trolada pela família Librelato, a fabricante de implementos tinha planos de abrir seu capital com um lançamento inicial de ações em bolsa (IPO, na sigla em inglês) que estava previsto para acontecer em abril deste ano, mas teve de ser adiado diante das condições voláteis do mercado.

“O IPO é uma opção para buscar recursos e acelerar o crescimento, mas no Brasil essas janelas do mercado abrem e fecham constantemente. Como a situação está muito volátil, adiamos a abertura e vamos ficar no caminho do crescimento orgânico”, explicou Sprícigo.

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